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Pesquisadores descobrem enorme erupção vulcânica há 7,3 mil anos no Japão
Ao entrar em erupção, vulcão expeliu materiais que se depositaram no oceano e, mesmo após milhares de anos, puderam ser analisados por cientistas japoneses
Aderito
Mar 1, 2024 - 17:47
Updated: Mar 1, 2024 - 18:07
A ilha Satsuma Iwo Jima faz parte da borda da caldeira de Kikai. — Foto: Satoshi Shimizu
Há 7,3 mil anos, um vulcão entrou em erupção nos arredores da costa de Kyushu, uma das ilhas hoje pertencentes ao Japão. Cientistas constataram que a erupção vulcânica não foi apenas grande, mas a maior já registrada em todo o Holoceno (nossa atual época geológica, que teve início há 11.700 anos, depois da última Era do Gelo). O episódio ficou conhecido como erupção Kikai-Akahoya.
A descoberta foi relatada em artigo publicado na revista Journal of Volcanology and Geothermal Research em 1º de fevereiro. Para realizar o estudo, os pesquisadores analisaram imagens sísmicas e amostras de sedimentos da área da caldeira Kikai, que surgiu a partir da erupção. Tais sedimentos – que podem ter relação com lava, pedra-pomes, cinzas e gases expelidos pelo vulcão – são fontes valiosas para a investigação de erupções passadas.
No caso de vulcões terrestres, é fácil perder os sedimentos em decorrência da erosão. Já os vulcões localizados em ilhas oceânicas ou próximos da costa apresentam uma vantagem. “Devido ao fato de a ejecta vulcânica [partículas ejetadas] depositada no mar se preservar bem, ela ‘guarda’ muitas informações do momento da erupção”, comenta o pesquisador Satoshi Shimizu, em nota.
De acordo com o trabalho, as substâncias expelidas pelo vulcão há 7,3 mil anos se espalharam por uma área de mais de 4.500 km². Os cientistas também identificaram uma estrutura sedimentar com 3 metros de altura, se estendendo ainda por várias centenas de metros abaixo do leito oceânico.
Mapa mostra a distribuição dos depósitos submarinos de acordo com a espessura — Foto: Reprodução/Kobe University
Além disso, estima-se que o volume de depósitos submarinos seja maior que 71 km³. Esse valor sugere que o volume total da erupção Kikai-Akahoya tenha sido de 133 a 183 km³, caracterizando-a como a maior erupção vulcânica do Holoceno já registrada.
“Erupções de caldeiras gigantes são um importante fenômeno na geociência e, como sabemos que elas influenciaram o clima global e, portanto, a história humana no passado, entendê-las tem também uma importância social”, diz o pesquisador Nobukazu Seama.